Vocação para rico

Pai rico, Pai pobre



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Vocação para rico

Com novo livro na praça, o autor do
best-seller Pai Rico, Pai Pobre ensina
como despertar o potencial das
crianças para os negócios

Cláudia Granadeiro

Divulgação
"Meu banqueiro nunca me perguntou sobre meu boletim ou quis saber se eu só tirava nota máxima"

O americano Robert Kiyosaki, 54 anos, integrante da quarta geração de uma família de origem japonesa, tem idéias radicais sobre a contribuição que a educação pode dar para uma criança ou um adolescente se tornar rico de verdade no futuro. Boa formação e notas altas na escola não bastam para garantir o sucesso, pois as escolas continuam a formar "analfabetos financeiros", esse enorme contingente de pessoas despreparadas para enfrentar o mundo dos investimentos, segundo ele. As propostas de Kiyosaki fizeram de seu livro Pai Rico, Pai Pobre um dos maiores best-sellers de auto-ajuda dos últimos tempos, nos Estados Unidos e no Brasil (somente aqui, vendeu mais de 100 000 exemplares). Agora, a editora Campus está pondo na praça uma nova obra de sua autoria: Filho Rico, Filho Vencedor – Como Preparar Seu Filho para Ganhar Dinheiro. Ele retoma sua história pessoal e as diferenças de educação que recebeu de seus dois pais. O biológico, chamado de "pai pobre", era um respeitável professor e funcionário público que o incentivava a estudar e poupar dinheiro. O "pai rico" (na verdade, o pai de seu melhor amigo) não tinha uma formação acadêmica louvável, mas sua aptidão para os negócios era impressionante. A seguir, a entrevista que Kiyosaki concedeu a VEJA.

Veja – Por que a escola não ensina a lidar com dinheiro?
Kiyosaki – Costumo contar a história de que meu banqueiro nunca perguntou sobre meu boletim. Nunca quis saber se fui um aluno que só tirava nota máxima. Ele nunca pareceu preocupado com minha inteligência acadêmica, mas queria saber sobre minha inteligência financeira. Crianças precisam aprender em casa sobre inteligência financeira, já que as escolas não dão esse tipo de formação.

Veja – O que é realmente decisivo na formação infantil, voltada para esses objetivos?
Kiyosaki – Tudo depende muito da atitude da família. Meus pais eram professores e achavam que os ricos eram pessoas más. O comportamento que os pais demonstram em relação ao dinheiro é vital. A classe média diz: "Trabalhe duro, economize dinheiro". Entretanto, você sabe que sua inteligência financeira está aumentando se o dinheiro lhe trouxer mais liberdade, felicidade, saúde e escolha na vida.

Veja – Como pôr em prática um de seus ensinamentos do livro, que fala em dar poderes aos filhos antes de dar dinheiro a eles?
Kiyosaki – Um caminho é o seguinte: quando o garoto demonstrar algum interesse por dinheiro, converse francamente com ele. O mais importante é a percepção que você passa em relação ao dinheiro. Os pais devem transmitir aos filhos a sensação do poder do dinheiro para que eles não se tornem escravos dele. Mostre a seus filhos as limitações do emprego. Trabalhei quatro anos em um emprego fixo, na Xerox, em 1973, depois de voltar da Guerra do Vietnã, mas só consegui dinheiro mesmo ao abrir empresas. O mais importante é ensinar as crianças a fazer o dinheiro trabalhar para elas próprias.

o Milena
Antonio Milena
O novo livro de Kiyosaki, na esteira do sucesso de um dos maiores best-sellers de auto-ajuda dos últimos tempos

Saiba mais
Leia trechos do livro Pai Rico, Pai Pobre, de Robert Kiyosaki.
Leia trechos do livro Filho Rico, Filho Vencedor, do mesmo autor.

Veja – Qual a melhor maneira de mostrar isso?
Kiyosaki –
Infelizmente, a escola só tem uma proposta: treinar as pessoas para trabalhar para os ricos, a ser empregados, e isso dificilmente mudará. Os professores só estão interessados em receber o salário no fim do mês, e não em ficar ricos. Não pense que é só brincadeira, mas um bom começo é jogar Banco Imobiliário com seu filho. Aprendi muito com isso, pois meu "pai rico" costumava jogar Banco Imobiliário comigo quando eu tinha 9 anos. A fórmula do jogo é comprar quatro casinhas verdes e depois o hotel vermelho. É isso que se precisa fazer na prática. Comecei comprando pequenas casinhas de 45 000 dólares e hoje adquiro hotéis e uso o dinheiro de meus banqueiros para fazer isso.

Veja – Como é jogar Banco Imobiliário na vida real?
Kiyosaki – É a mesma sensação do jogo. É excitante e divertido.

Veja – Seus conselhos valem também para o Brasil?
Kiyosaki –
Lógico. Ficar rico é o mesmo em qualquer lugar, é preciso querer. Por onde viajo no mundo encontro pessoas que querem ficar ricas. Muitos problemas financeiros não são causados pela falta de dinheiro, mas por sua administração incompetente. É por isso que uma das coisas mais importantes que os pais devem ensinar aos filhos é sobre como gerenciar seus recursos.

Veja – Quando os pais não estão interessados em se tornar ricos, o que a criança deve fazer? Procurar um mentor e aprender na prática?
Kiyosaki – Foi isso que eu fiz. Meus pais eram socialistas. Tive de procurar pais capitalistas. Você pode aprender com quem quiser. O que aprendi com meu pai biológico foi como não fazer. Todos os dias encontro pessoas com quem aprendo a como não fazer determinadas coisas. São o reverso do mentor.

Veja – É possível alguém ficar rico se começar a só pensar no assunto aos 30 ou 40 anos?
Kiyosaki –
Você pode começar na idade que quiser. Não leva muito tempo para ficar rico, mas isso implica uma mudança na curva de valores. Vou lhe dar um exemplo. Não sei se isso ocorre em São Paulo ou no Brasil, mas aqui nos Estados Unidos a classe média prega as virtudes da poupança. Ora, você não vai ficar rico se economizar dinheiro. Nos Estados Unidos, o rendimento da poupança é de apenas 3% ao ano. Existem outras formas de ganhar dinheiro – e pegar dinheiro emprestado é uma delas. Posso pegar dinheiro emprestado e investir, fui treinado para fazer bem isso. Mas isso funciona numa economia com juros como nos EUA. Tenho minhas dúvidas de que possa funcionar numa economia como a brasileira, com juros muito elevados.

Veja – Quais são os ativos financeiros mais valiosos para aqueles que querem tornar-se ricos?
Kiyosaki –
A educação financeira é o ativo mais valioso. A maioria das pessoas tem medo de perder dinheiro. Se você sabe como fazer dinheiro, nunca tenha medo de perdê-lo.

Veja – Estamos numa era em que os empregados não têm certeza sobre o próprio futuro em uma empresa. As pessoas continuam buscando segurança. Por que o senhor considera isso tão ruim? Não é possível permanecer em um emprego e procurar meios para ficar rico?
Kiyosaki – Em geral, as pessoas foram programadas para procurar a segurança no trabalho. Eu fui programado para a liberdade financeira. Os caminhos que percorrem a segurança no trabalho e a liberdade financeira são diferentes e no fim da estrada você acaba sendo uma pessoa diferente. Consigo muito mais dinheiro no caminho da liberdade financeira. A maioria trabalha, em primeiro lugar, para os donos das empresas, depois para o governo, ao pagar impostos, e finalmente para o banco em que fizeram uma hipoteca. Na escola somos ensinados a buscar segurança no trabalho. Trabalha-se cada vez mais, mas você não ganha mais com isso. Entretanto, quem quer seguir o caminho de ficar no emprego deve buscar também comprar ações, fundos mútuos, imóveis que gerem renda – enfim, tudo o que possa ter valor líquido. É o caminho para a liberdade financeira. Quando estava na Xerox, criei minha primeira sociedade anônima e, em menos de três anos, ganhava mais na minha empresa imobiliária que na Xerox.

Veja – O senhor decidiu não parar de trabalhar e escrever e dar aulas. O que pretende fazer quando realmente se aposentar?
Kiyosaki – Morrer (risos). Na verdade, só viajar, amo viajar. Quero me divertir.

Veja – Que lições o senhor trouxe de sua experiência como fuzileiro no Vietnã, nos anos 70?
Kiyosaki – A maior delas é não acreditar em tudo o que o governo diz. Não encontrei inimigo no Vietnã. Percebi que os americanos eram os inimigos, eram os maus. Foi uma tragédia. Quando voltei da guerra, foi difícil. Ninguém queria falar conosco.

Veja – É possível ficar rico mesmo tendo pavor de arriscar?
Kiyosaki – Acredito que quem odeia risco odeia o dinheiro também. Quando uma escola pune uma criança que comete erros, deixa-a emocionalmente deficiente. O jeito de aprender do ser humano é arriscando. Se você odeia riscos, suas chances de aprender se reduzem. Bebês caem quando aprendem a andar, eu caía quando andava de bicicleta, arrisquei ao ir ao Vietnã, mas foi assim que aprendi muito. Pessoas que evitam risco evitam aprender.

Veja – Quais foram as maiores dificuldades que o senhor enfrentou até ficar rico?
Kiyosaki – O mais duro foi lidar com minha auto-estima, com a falta de confiança. Muitas pessoas desistem antes de começar. O mais difícil é prosseguir quando não há garantias de que você vá ficar rico.

Veja – O senhor já enfrentou a falência?
Kiyosaki – Perdi três companhias até hoje. O maior erro que cometi em minha primeira empresa, há trinta anos, foi não patentear o produto. Não tinha os 7 000 dólares necessários e então passei a ser copiado em trinta dias. Aprendi com o episódio, e isso custou para o bolso. Agora, meus produtos estão protegidos por leis de propriedade intelectual.

Veja – Não é contraditório dar conselhos para crianças tendo decidido não ter filhos?
Kiyosaki – Não escrevi para dar conselhos para crianças, escrevi sobre minha experiência com educação financeira. Meus irmãos tiveram filhos e não seguiram meus conselhos. Infelizmente são todos pobres. São bem-educados, mas não têm dinheiro. São espertos, mas pobres. São socialistas, esperam que o governo lhes dê dinheiro. Como meu "pai pobre", eles trabalham para o governo.

Veja – O senhor tem medo de ficar pobre?
Kiyosaki – Não tenho medo, mas não gostaria. Já fui pobre duas vezes.

Veja – O senhor é pão-duro ou esbanjador? Qual foi sua última extravagância?
Kiyosaki – Amo o luxo. Tenho três carros: um Porsche, um Mercedes-Benz e uma Ferrari. Adoro casas grandes, viajo na primeira classe, tenho relógios de ouro. Amo o dinheiro. O dinheiro compra o melhor seguro-saúde, proporciona tratamento médico superior, melhor educação. Pessoas pobres têm tratamento de saúde pobre, educação pobre. A maioria das famílias briga por causa de dinheiro. Eu e minha mulher não brigamos por dinheiro. Temos muito dinheiro e nos divertimos com ele.

Veja – Qual a aposta mais arriscada que o senhor fez na vida?
Kiyosaki – O pior dia de minha vida foi quando parei de escutar meu "pai pobre", que me aconselhou a procurar um emprego seguro. Ele estava infeliz porque eu não iria seguir seus passos e me tornar um funcionário público. O mais difícil foi rejeitar os valores de meus parentes. Todos na minha família têm Ph.D., são funcionários públicos e achavam que eu deveria seguir essa carreira, mas eu não quis.

Veja – O senhor pode dizer qual seu patrimônio total hoje?
Kiyosaki – Tenho tanto dinheiro que não consigo gastar tudo. São milhões e milhões de dólares. Mas eu não preciso dizer às pessoas quanto tenho.




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