Esquenta a briga no mercado de compras coletivas

Nos últimos meses, cerca de 20 empresas apostaram no segmento que deve movimentar até R$ 50 milhões em 2011

O formato de compra coletiva pode parecer novo para o consumidor brasileiro, mas vem chamando a atenção de muitos internautas. Por aqui, o segmento teve como pioneiro o Peixe Urbano, que ultrapassou a marca de um milhão de cadastrados no início de setembro. Na medida em que aumenta o número de clientes adeptos ao modelo, no entanto, aparecem novos concorrentes. Nos últimos meses cerca de 20 novos empreendimentos iniciaram suas operações no país. É o caso de sites como ClickOn, Clube Urbano, Oferta X, Deu Samba e Promoo.
Essas empresas estão de olho num mercado que estima ter faturado R$ 1 milhão em junho, R$ 4 milhões em julho, R$ 6 milhões em agosto e deve movimentar de R$ 30 milhões a R$ 50 milhões em 2011, alcançando entre sete e oito milhões de usuários até o fim de 2010. O modelo de negócios é simples. A partir das parcerias com empresas, principalmente de gastronomia, entretenimento e beleza, os sites disponibilizam ofertas diárias com descontos que podem variar de 50% a 90%.
Com a possibilidade de investimento inicial baixo, os clubes de compras coletivas agradam os consumidores e beneficiam as empresas que conseguem promover seus produtos e serviços, tirando o internauta da frente do computador e levando-o para o ponto-de-venda. De forma geral, os consumidores são jovens e ávidos por novidades a preços arrebatadores. Por isso, o segredo é conhecer o comportamento deste cliente, oferecendo opções que agradem. A equação de serviço ou produto interessante mais preço promocional é certeira.
 Conceito aplicado surgiu nos EUA
Apesar do sucesso nos últimos meses, o serviço não é exatamente novo por aqui. “O modelo já havia sido proposto no país por volta do ano 2000, com sites como Mobshop, por exemplo. Mas fracassou porque naquela época a segurança do ambiente web para compras era extremamente questionada, o número de internautas era bem menor e o amadurecimento digital da sociedade brasileira estava em outro estágio”, aponta o consultor Fabrício Saad.
Mas os tempos mudaram e o bom desempenho do Peixe Urbano é exemplo disso. De acordo com dados do Ibope Nielsen Online, o site foi acessado por quase dois milhões de pessoas em julho, mais do que a soma de todos os outros sites de compras coletivas contabilizados. Funcionando há cerca de seis meses, e já presente em mais de 20 cidades, o Peixe Urbano fez mais de 400 promoções, que geraram uma economia de R$ 20 milhões aos brasileiros.
O formato utilizado atualmente é baseado no conceito de compra coletiva que surgiu nos Estados Unidos em 2008, com o GroupOn. Presente em 26 países e com expectativa de faturamento anual estimado em US$ 500 milhões para 2010, o grupo criou o Clube Urbano no Brasil.
Conhecimento do cliente
Com mais de 500 mil usuários cadastrados e em menos de três meses no ar, o Clube Urbano representa hoje o quinto faturamento do GroupOn no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e França. Por aqui, o site atende 13 cidades e pretende chegar ao fim de 2010 atuando em até 35 municípios.
Entre as ofertas destaca-se a em parceria com a Gelateria Parmalat do Shopping Vila Olímpia, que vendeu 3.900 cupons que dão direito a um petit gateau mais uma bola de sorvete, de R$ 13,50 por R$ 6,75. As ofertas incluem também tíquetes médios mais altos. A Pousada Vida Bela comercializou dois mil cupons que valiam uma estadia mais um jantar, por R$ 110,00.
“Mapeamos o perfil do cliente para encontrar produtos e serviços interessantes e trabalhar em conjunto com o parceiro para veicular a marca GroupOn. A principal vantagem é utilizar a internet para pequenos negócios. Em um dia, trazemos mais de 600 novos clientes para uma pequena empresa, por isso a ferramenta funciona tão bem e está crescendo rápido”, diz Daniel Funis (foto acima), Sócio-Diretor do GroupOn Clube Urbano, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Vendas sem riscos
Outra vantagem dos clubes de compra coletiva é a venda praticamente sem riscos. As empresas parceiras pagam um percentual sobre as vendas, mas se o número mínimo de vouchers não for comercializado não há prejuízo. O serviço também é facilmente mensurável e traz o resultado em 24 horas, com a quantidade de cupons de ofertas adquiridos pelos internautas.
Resultado de um investimento de R$ 17 milhões captados entre um grupo de investidores, o ClickOn também visa conquistar a liderança do segmento. No site, as empresas parceiras podem oferecer produtos e serviços a preços promocionais para os mais de 700 mil usuários cadastrados. Presente em 13 cidades brasileiras, e atuando desde maio, a meta da empresa é chegar a dois milhões de cadastros até o fim de 2010. Nos últimos meses, mais de 200 parceiros fizeram ofertas com o ClickOn e a expectativa é fechar o ano com 1,5 mil empresas associadas.
A maior oferta realizada pelo ClickOn foi em parceria com o Brandsclubs, que vendeu mais de 10 mil vouchers que davam crédito de R$ 50,00 para comprar no outlet virtual por R$ 20,00, um desconto de 60%. Já o Applebee’s de São Paulo comercializou mais de seis mil cupons, enquanto a 1900 Pizzeria vendeu mais de cinco mil pizzas.
 Empresas com foco regional
Ao lado de grandes players aparecem também empresas como o Promoo. Lançado no início de setembro e funcionando apenas em Porto Alegre, o site é resultado de um investimento inicial de R$ 100 mil e conta com 10 mil internautas cadastros que recebem as ofertas diárias. Até o fim de dezembro, o Promoo espera chegar a 20 cidades e, em 2011, a ideia é chegar a países da América do Sul, América Central e Europa.
O Deu Samba, fundado por um grupo de jovens recém-saídos de Harvard, também aposta neste mercado. A primeira oferta do site nascido no Rio de Janeiro foi ao ar na última semana com a expectativa de alcançar 10 mil cadastros. Atuando também em São Paulo, o Deu Samba já pensa em expansão.
“É muito fácil entrar em novas cidades com a estrutura que temos hoje. A terceira provavelmente será Brasília. Primeiro queremos aprender a fazer direito para expandir em um ou dois meses. A expectativa é que o Deu Samba chegue a mais de 20 cidades”, explica Claudia Campos, Sócia-Executiva do Deu Samba, em entrevista ao Mundo do Marketing.


 Segmentação para diferenciar

 Com o sucesso do conceito em tão pouco tempo e o crescimento do número de empresas é natural que, daqui para a frente, as empresas pensem em formas de inovar e buscar a diferenciação num mercado que fará uma seleção natural. Mesmo sendo um modelo simples, é possível conquistar os consumidores nos detalhes. Uma saída seria segmentar.
“Uma tendência que deve surgir com força nos próximos meses é a segmentação. Um exemplo é o Bom Proveito, especializado em ofertas no segmento de gastronomia. Acredito também no surgimento de ofertas negociadas especificamente para determinado grupo, como consumidores acima de 65 anos”, ressalta Saad.
É importante ainda criar uma personalidade própria. “Há muitos sites surgindo, mas poucos têm a abrangência que adquirimos. O cliente nota essa estrutura. O ClickOn mostra preocupação com detalhes, como desenvolver um layout próprio e garantir um atendimento ao público que resolva efetivamente os problemas que possam surgir”, acredita Marcelo Macedo (foto), CEO do ClickOn, em entrevista ao Mundo do Marketing.

 Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing


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