Canetas perdem participação e BIC passa a vender até veleiros no Brasil


Empresa entra no setor de colas instantâneas e estuda lançar 3 novos itens.

Categoria de novos produtos deve responder por 5% das vendas em 2011.

A caneta esferográfica mais famosa do mundo completa 60 anos de existência. Por dia, são vendidas no Brasil cerca de 1 milhão de canetas BIC Cristal, segundo a fabricante. Mas o produto símbolo da BIC - abreviação do nome do fundador Marcel Bich - hoje é apenas mais um entre muitos outros itens do portifólio da multinacional francesa, que tem investido cada vez mais na diversificação de seus negócios.
Horácio Balseiro, presidente da BIC Brasil (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Horácio Balseiro, presidente da BIC Brasil (Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Depois de entrar no mercado de pilhas em 2010, a BIC acaba de anunciar sua entrada no segmento de colas instantâneas e começou a distribuir no país até caiaques e veleiros. Para 2012, a companhia planeja lançar pelo menos 3 novas linhas de produção – ainda mantidas sob sigilo – num investimento total de cerca de US$ 10 milhões.
“Estamos estudando 3 novas linhas”, afirma ao G1 o presidente da BIC Brasil, o uruguaio Horácio Balseiro. Hoje, a chamada categoria de novos produtos da empresa, que inclui ainda uma linha de cosméticos para barbear, representa 2% do faturamento do grupo no país. “Queremos que essa categoria represente 10% do nosso faturamento em 3 anos. Este ano, com o lançamento das pilhas, já vai chegar a cerca de 5%”.
 Onde você encontra um isqueiro, sempre vai encontrar uma pilha, uma caneta BIC. Espuma para barbear é um produto de higiene, mas também está associado a um item que a empresa já vende que é a lâmina"
O executivo afirmou também que grupo também está avaliando novas aquisições. “Estamos procurando empresas com marca que já seja conhecida no Brasil, que já tenha participação de mercado e reconhecimento”, disse.
Na Europa, a BIC já entrou em mercados como o de celulares e de meias-calça. No Brasil, o lançamento de novas categorias costuma estar associado à importação de produtos desenvolvidos pela matriz francesa ou então a parcerias com empresas terceirizadas. Mas qual seria o limite de extensão da marca?
“Buscamos oferecer sempre soluções simples, inovadoras, para todos os tipos de usuários, em todos os pontos de venda”, afirma Balseiro. “Nosso desejo é que todo dia cada consumidor, criança ou adulto, possa usar pelo menos um produto BIC”.
Muito do sucesso da marca no passado esteve associado ao desenvolvimento de versões descartáveis e mais baratas de produtos. Foi assim, por exemplo, nos mercados de canetas, isqueiros e lâminas. “Uma das características da BIC é democratizar as categorias onde entra”, afirma Balseiro.
O presidente da BIC Brasil explica que, independentemente das novas linhas, os canais de vendas são quase sempre os mesmos. “Os produtos estão sempre muito vinculados. Onde você encontra um isqueiro, sempre vai encontrar uma pilha, uma caneta BIC. Espuma para barbear é um produto de higiene, mas também está associado a um item que a empresa já vende que é a lâmina”, afirma.
E onde que se encaixam os veleiros, os caiaques? O presidente da BIC Brasil explica que essa é uma “paixão do fundador da empresa”, que criou em 1979 a divisão BIC Sports, voltada para esportes aquáticos. Desde o final de 2010, a BIC Brasil passou a distribuir localmente para lojas especializadas os produtos fabricados na França, que incluem ainda pranchas de windsurfe e surfe. Os veleiros Open BIC chegam a custar mais de R$ 10 mil.
“Ainda é algo muito incipiente. Não vai ser uma categoria significativa no Brasil. Mas é uma forma de promover a marca também e dar um pouco de glamour para uma marca simples”, afirma Balseiro.
Segundo a BIC, e empresa é líder europeia no mercado de caiaques sit-on-top e a divisão produz por ano uma média de 65 mil peças, que são exportadas para mais de 90 países.
Isqueiro é produto mais vendido no país
Atualmente, as vendas da clássica BIC Cristal representam 10% da receita da companhia no país. E o produto há anos deixou de ser o líder de vendas do portifólio. O item mais vendido pela BIC no país, em volume financeiro, é o isqueiro BIC Maxi, que reponde “por mais de 20%” do faturamento, segundo Balseiro.
Os isqueiros foram lançados na década de 70 e a marca detém hoje mais de 80% do mercado doméstico. Segundo o presidente da BIC Brasil, o produto vem cada vez mais substituindo o consumo de fósforos. “Fósforo está mais associado a baixa renda. Esse consumidor não percebe que está pagando muito mais”, explica. “Um isqueiro Bic equivale a 75 caixas de fósforo, que representam mais de 15 vezes o preço de um acendedor”, explica.
Isqueiro Maxi representa mais de 20% do faturamento da BIC  (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Isqueiro Maxi representa mais de 20% do
faturamento da BIC no Brasil
(Foto: Darlan Alvarenga/G1)
A categoria de acendedores responde por 40% das vendas no Brasil e também é também a que mais cresceu em 2010 (17,4%). A segunda categoria mais importante para a BIC Brasil é a de papelaria, que responde por 35% do faturamento, seguida pela de lâminas, que fica com os 23% restantes.
Para a companhia, o maior potencial de expansão está nos segmentos de papelaria e barbeadores. Na categoria de lâminas, a empresa é vice-líder, atrás da Gilette. Já o setor de papelaria é considerado o mais amplo, com mais espaço para novos produtos e aquisições.
Balseiro destaca que o crescimento econômico do país e a melhoria da escolaridade média e do número de matriculados nas escolas também contribuem para elevar as vendas até mesmo da clássica BIC Cristal.
“No Brasil, a BIC Cristal continua crescendo 3% a 4% por ano. Nos países mais desenvolvidos esse fenômeno já não acontece”, afirma.
O faturamento líquido total da BIC Brasil em 2010, quando somada todas as categorias, foi de R$ 540 milhões, com uma alta de 13,1% em relação ao ano anterior.
No Brasil, a BIC Cristal continua crescendo 3% a 4% por ano. Nos países mais desenvolvidos esse fenômeno já não acontece"
A divisão brasileira, que também é responsável por atender a América Latina, foi pelo 2º ano consecutivo, segundo a BIC, a empresa mais rentável do grupo e representa hoje cerca de 10% de participação nas vendas globais da multinacional que está presente em mais de 160 países.
Em algumas linhas a produção já chegou aos 100% da capacidade instalada, o que tem obrigado a operação brasileira a recusar os pedidos advindos de outras subsidiárias. “Até o ano passado exportávamos para os EUA. Hoje, por problema de capacidade, tivemos de pegar essa produção e os EUA passaram a ser abastecido pela França”.
Segundo Balseiro, 70% da produção é voltada para o próprio mercado doméstico e 90% dos itens comercializados no país são fabricados nas fábricas da companhia em Manaus e Resende (RJ). Entre os itens importados estão pilhas, cola instantânea, corretivos, canetas especiais e a linha de higiene.
“Para 2011, projetamos um crescimento maior, em torno de 15%”, afirma Balseiro. “A Bic está apostando muito forte no Brasil. Vemos como bem positiva a situação econômica e estamos investindo nesse momento na plena capacidade”, conclui.
Do - G1



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