Por que compensa o sacrifício de poupar

Cortar despesas é uma forma dolorosa, mas segura para acumular patrimônio.

Poupar é adiar o consumo presente, visando a um consumo maior no futuro. As pessoas poupam com dois objetivos básicos: consumir mais ou enfrentar o declínio que a natureza impõe à capacidade produtiva do homem após certa idade. Tais propósitos garantem, na prática, uma compensação para o sacrifício de não consumir hoje, de gastar menos do que nossa renda permitiria e de acumular reservas a ser usadas no futuro.
Tenho 66 anos e estou pendurando a gravata em troca de um tênis. Tenho alguma coisa como R$ 2 milhões em dinheiro e um gasto mensal de R$ 15 mil. Como devo dirigir as aplicações para garantir renda com um mínimo de impacto no capital? Roberto
Parabéns pelo sucesso em acumular esse patrimônio! Para ter uma renda mensal de R$ 15 mil e ainda preservar o capital, você precisará obter um rendimento líquido de 0,75% ao mês, acima da inflação, continuamente. Há poucos anos, você poderia fazer isso facilmente aplicando em renda fixa. Hoje, obter um rendimento assim não é trivial. Com a queda dos juros, seu objetivo será cada vez mais difícil no futuro. Uma alternativa bem conservadora seria comprar papéis do Tesouro Direto (www.tesourodireto.gov.br) que pagam, depois de descontar o Imposto de Renda e as tarifas dos bancos, cerca de 0,35% ao mês além da correção pelo IPCA (inflação). Assim, você poderia contar com uma renda perto de R$ 7 mil e ainda deixar o capital como herança para seus familiares. Se você realmente quiser manter o padrão de gastos de R$ 15 mil por mês, terá de abrir mão, lentamente, de seu capital. No mesmo Tesouro Direto, você poderia sacar cerca de R$ 15 mil por mês, corrigidos pela inflação durante 15 anos, aproximadamente. Você poderia pensar em alternativas mais rentáveis. Fundos de ações que pagam bons dividendos seriam indicados para alocar até 20% de seu capital. Fundos imobiliários chegam a obter rendimentos superiores a 0,7% ao mês, livres de impostos, e poderiam receber outros 20% de seu capital. Mas é bom lembrar que essas alternativas embutem riscos de mercado, ou seja, eventualmente podem gerar prejuízos. Por isso, eu manteria, pelo menos, 60% do capital no Tesouro Direto. Caminho menos prazeroso, mas bem mais seguro, é promover um corte em suas despesas mensais. Quem sabe você consegue, com pouco esforço, reduzi-las para R$ 10 mil ou R$ 12 mil mensais? Isso vai lhe proporcionar muito mais tranqüilidade na gestão de seu capital.
Cortar despesas é uma forma dolorosa, porém segura, de acelerar a acumulação de patrimônio
Há anos pago, com co-participação, um plano de saúde e, anualmente, vou a poucos médicos, pois sempre tive boa saúde. Custa-me R$ 173 por mês. Estou pensando em deixar de pagar o plano de saúde para aplicar em previdência privada. Penso em um investimento inicial de R$ 50 a R$ 100 mensais, para me aposentar em 20 anos. O que sugeriria? Seria mais vantajoso? – Luciana
Boa saúde no passado não é garantia de boa saúde no futuro. Planos cobrem exames e consultas simples que custam relativamente pouco, mas também hospitalizações que custam muito dinheiro. Considerando o forte impacto do custo de uma eventual hospitalização em seu patrimônio, você não deveria abandonar o plano de saúde. A previdência privada é importante também. Que tal cortar outras despesas menos relevantes para fazer sobrar dinheiro e acomodar esse novo item em seu orçamento doméstico? Assim, você garantiria tanto uma adequada cobertura para saúde quanto uma confortável aposentadoria em 20 anos. Esse esforço deve ser compensador, pense bem!

Mauro Halfeld, Revista època




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