Trump assume novo papel: o de 'salvador da pátria'

"Só eu posso fazer esse trabalho." A tarefa em questão é nada menos do que a presidência dos Estados Unidos a partir de 2013. O autor da frase, o bilionário dos setores imobiliário, hoteleiro e de cassinos Donald Trump, conhecido por sua extravagância e pelo topete loiro à prova de tufão.
David Becker/AFP
David Becker/AFP
Radical. Trump afirma que só teria bombardeado a Líbia após tomar posse do petróleo
No vácuo de outras possíveis candidaturas republicanas às eleições presidenciais de 2012, Trump apresenta-se ao eleitorado do partido como uma espécie de salvador da pátria, infernizando as ambições de reeleição do democrata Barack Obama.
A semana passada começou com a reação da Casa Branca a uma das investidas de Trump. O magnata insistia em afirmar que Obama seria estrangeiro e, portanto, ocuparia ilegitimamente a presidência dos EUA. "As pessoas que estudaram com ele não o conhecem, nunca o viram", declarava. Obama mandou buscar e publicar na internet a cópia de sua certidão de nascimento em Honolulu, no Havaí, para acabar de vez com "essa bobagem" e "perda de tempo". Aproveitou o discurso e chamou Trump de "camelô".
"Estou muito orgulhoso de mim mesmo porque consegui algo que ninguém mais foi capaz de conseguir", reagiu o empresário. Na quinta-feira, refeito da descompostura passada por Obama, Trump sentiu-se à vontade para dizer a uma plateia de mulheres republicanas, em Las Vegas, que os "líderes (americanos) são estúpidos" e soltar cinco palavrões.
Aos 64 anos, Trump deverá lançar sua pré-candidatura neste mês, na decisão da 11.ª temporada de seu programa The Celebrity Apprentice (edição do programa O Aprendiz para celebridades), competição da NBC que conduz desde 2008. Assim como em The Apprentice (O Aprendiz), sua primeira incursão nos reality shows, seu bordão no atual programa é: "Você está demitido".
Independente da formalização de sua nova ambição política, Trump promete bater ainda mais em Obama. Recentemente, levantou dúvidas sobre o diploma de Direito do presidente americano na Universidade Harvard e insistiu que seu livro de memórias, Dreams from My Father (Os sonhos de meu pai, em tradução livre), foi escrito por Bill Ayers, líder de um grupo comunista contrário à Guerra do Vietnã, nos anos 60. Para a alegria do eleitorado conservador, o empresário se diz contrário ao casamento homossexual e ao aborto.
Trump disse à revista Time que não teria bombardeado a Líbia sem antes garantir a posse do petróleo do país. Prometeu que, como presidente, aplicará tarifa de importação de 25% sobre os produtos chineses, a menos que Pequim valorize sua moeda. Cobrará da Coreia do Sul pela proteção americana e ameaçará os aliados árabes dos EUA com a retirada da cobertura militar, caso os preços do petróleo não desabem. "Obama deve ser um péssimo jogador de xadrez."
Filho de um especulador imobiliário do Brooklyn e do Queens, em Nova York, Trump possui uma fortuna de US$ 7 bilhões, segundo ranking da revista Forbes. Seus detratores no mercado o chamavam de "operador de cassinos de New Jersey".
O magnata fez a vida vendendo os adjetivos superlativos que agregou à marca Trump, impressa em hotéis, cassinos, condomínios e clubes de luxo, em uma linha de roupas masculinas, no concurso Miss Universo, em chocolate, água mineral, carne bovina e chá.
O pré-candidato comanda seus negócios do 26.º andar do Trump Tower, na 5.ª Avenida de Nova York, com vista para o Central Park e o Plaza Hotel. Nas paredes do escritório há uma exibição do tamanho de seu ego: as paredes são cobertas por capas de revistas com seu retrato e por prêmios e placas de homenagens.

Milionário apresentador do programa 'O Aprendiz' apresenta-se como pré-candidato com bateria de críticas contra Obama

"O espetáculo é Trump", afirmou o próprio à revista Playboy, em 1990. Na época, porém, o magnata quase foi à falência. Vendeu ativos, o iate Trump Princess e o Boeing 727. Tornou-se o "rei do dinheiro vivo". Mesmo assim, só se livrou de quebrar pagando um exército de advogados e teve de ajustar suas despesas mensais.
Do ambiente de negócios, Trump agora salta diretamente para a disputa no topo da política americana como uma "caricatura de pseudocandidato", como foi descrito pelo jornal Los Angeles Times, e entre dúvidas sobre sua atuação na arena política. "Não acho que ele será realmente sério quando a campanha chegar ao ponto crítico", afirmou o líder da maioria republicana na Câmara dos Deputados, Eric Cantor.
Trump, porém, mostra-se feliz com pesquisas internas que apontaram sua dianteira (55%), entre os pré-candidatos republicanos, no início de abril.
Nas sondagens mais amplas, Obama continua na frente, com 58% das intenções, segundo pesquisa do USA Today/Gallup. Trump obteria 35% dos votos, mas enfrenta a aversão de 64% do eleitorado.
Somente Sarah Palin tem desempenho pior. Ainda assim, o empresário terá de vencer outros dois pesos pesados do partido nas primárias, os ex-governadores Mitt Rommey (Massachusetts) e Mike Huckabee (Arkansas), ambos em situação bem mais confortável.
Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo 



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