Metade do ano já passou - 50% do ano, 0% dos planos - Gustavo Cerbasi

Metade do ano já passou, o que nos convida a fazer reflexões sobre o que já fizemos e o que estamos por fazer. Em uma breve enquete que fiz entre meus seguidores na rede social Twitter, 90% afirmam que estão longe de cumprir ao menos metade de suas promessas de Ano Novo. Tirei da conta os que se disseram tranquilos pelo fato de não terem feito nenhuma promessa.

Perdemos o interesse por nossos sonhos? Ou será que nossa capacidade de criar está ruindo com a intensa erosão provocada por fatores externos, como a tributação excessiva, a inflação e as frequentes mudanças de regras?
Do ponto de vista financeiro, planejar realmente requer um grande esforço e muita boa vontade.
Da renda que você obteve até agora neste ano, 80% serviram para pagar tributos.
Se você se comporta como a média dos brasileiros, usará os outros 20% apenas para pagar os juros das dívidas mantidas ao longo da primeira metade do ano -sem amortizar nem um centavo.
Para suas finanças pessoais, na prática, o ano começa agora. O que quero dizer é que o dinheiro que você ganhará no restante do ano será sua verba para custear todos os gastos anuais da família, incluindo alimentação, saúde, transporte, moradia, lazer, segurança e educação.
Isso, se a inflação desses itens não for maior do que seu aumento de salário. E não se esqueça dos juros das dívidas mantidas no restante do ano. Só eles consumirão 20% dos ganhos que vêm pela frente.
Essas constatações não são nada inspiradoras para quem tem sonhos a realizar. Se você se surpreende com elas, é porque aprendeu a conviver tanto com o excesso de tributos e de dívidas como também com a hipocrisia de traçar planos sem comprometimento.
Uma pena, pois você deveria reagir, brigando contra os altos tributos e se educando para escolher melhor os serviços financeiros e pagar menos juros, além de se comprometer com seus planos.
Espero que o simbolismo representado pela metade do calendário que você já descartou o faça lembrar de que o ano ainda não está perdido, apesar de exigir esforço concentrado para terminar como você gostaria.
Pense nos fatores de estresse do final do ano e prometa-se que, neste ano, vai evitar a correria das compras, das metas a bater, do PGBL a contratar e das férias a providenciar.
Prometa-se que vai brindar o fim de ano sem repetir, pela enésima vez, a mesma promessa.
Aproveite que julho traz uma redução no ritmo dos negócios, devido às férias escolares, e intensifique sua dedicação ao planejamento pessoal.
É um bom momento para refletir sobre sua formação de poupança, a qualidade dos seus investimentos, as dívidas que você acumulou e as prioridades em seu orçamento. Se as contas estão desequilibradas, prometa-se um aperto de cinto por algumas semanas.
Proponha-se a acelerar a formação de poupança, cortando gastos, se ainda não cumpriu a meta do ano. Férias das crianças? Use a cabeça antes de usar o bolso. Quanto menos tempo você dedicar a planejar as férias, mais dinheiro gastará.
Quanto mais criativa for a programação, menos desembolsos afetarão seu orçamento.
Aproveite também que os mercados financeiros estiveram depreciados para encontrar oportunidades de investimento.
O mercado de ações apresenta verdadeiras pechinchas, ao mesmo tempo em que a boa remuneração dos títulos do Tesouro sugere adquirir papéis de prazo mais longo, para garantir por mais tempo o prêmio do desequilíbrio.
Está com boas reservas financeiras? A baixa do dólar e as vantagens da negociação antecipada indicam que o momento é bom para já fechar aquele pacote de fim de ano para o exterior, parcelando em reais com o câmbio de hoje.
Se quiser garantir boas compras na viagem, já comece a abastecer seu cartão de débito pré-pago.
Quem sabe, terminando o ano com as férias já quitadas, não fica mais fácil cumprir as promessas que serão feitas – ou refeitas – no próximo Réveillon?
Gustavo Cerbasi (www.maisdinheiro.com.br) é consultor financeiro e autor de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (Ed. Gente), Investimentos Inteligentes (Thomas Nelson Brasil) Mais Tempo, Mais Dinheiro (Thomas Nelson Brasil).
Via - Jornal Folha de S.Paulo



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