Finanças: Ganhar dinheiro para quê?

Uma das regras mais fundamentais para uma adequada administração financeira pessoal é aquela que diz ser necessário “gastar menos do que se ganha”. Isso significa, no âmbito das despesas, que é preciso conter os impulsos consumistas e viver uma vida frugal, sem excessos. Em se tratando das receitas, ganhar mais não é tarefa trivial, apesar de ser algo almejado por todos (sabendo ou não administrar as finanças pessoais). Neste artigo, pretendo refletir sobre a segunda questão: a ânsia por aumentar a receita mensal e suas possíveis consequências na vida dos indivíduos.
 
Desde muito jovens, somos estimulados (indiretamente) a pensarmos em nossas receitas futuras. A lógica é: estude bastante, para conseguir uma boa posição no mercado de trabalho e, assim, poder ganhar bem. Não vejo muito problema na lógica em si, mas me preocupa o foco de tal proposição. Se tomada ao pé da letra, poderíamos subentender que o objetivo maior da vida adulta é “ganhar bem”, e que isso solucionaria todos os problemas dessa fase.
 
Que a falta de dinheiro trás consigo diversos problemas, creio não ser necessário apresentar muitos argumentos. Entretanto, pautar toda uma vida no “sucesso” financeiro, também não me parece razoável. Sem muito esforço, podemos olhar a nossa volta e perceber que muitas pessoas se gabam de vitórias pessoais de significado bastante miserável, ainda mais quando se verifica os custos de sua trajetória. Explico. De nada adianta conseguir tranquilidade financeira, se o preço a ser pago for uma saúde debilitada e/ou um relacionamento familiar e social decepcionantes.


livro do  Professor Elisson de Andrade
Existem pessoas que trabalham incessantemente, com altos níveis de receita, sendo que justificam tal comportamento pelo “bem estar da família”. Porém, todo esse esforço pode ter como consequências crises de hipertensão, estresse, gastrite nervosa e outros males que atingem aqueles que trabalham além dos limites do próprio corpo. Também não é incomum encontrar os tais workaholics envolvidos em problemas com drogas e excessivo consumo de álcool. E por que não citar aqueles indivíduos que trabalham duro uma vida inteira e perdem boa parte da convivência com a família, não acompanham o crescimento dos filhos, chegando até a ser renegado por estes, mesmo após o provimento de uma vida repleta de luxo. Uma possível leitura para tais situações é que a ânsia pelo sucesso pessoal pode nos cegar para coisas que realmente importam.
 
Com base nesses exemplos, portanto, vimos que Finanças Pessoais não é uma ciência exata, mas uma arte. É preciso, sim, conter gastos e maximizar receitas. Mas as escolhas de nosso dia a dia devem ser pautadas em objetivos que transcendam à pura lógica financeira. É preciso que, desde cedo, nossos jovens sejam educados de forma a ter princípios sólidos e propósitos bem delineados. Somente com uma visão equilibrada do que se quer da vida, os hábitos a serem criados ao longo do caminho estarão alinhados aos objetivos que evolvem o bem estar. De nada adianta sermos produtivos, eficientes, esforçados, ou qualquer outro adjetivo em moda hoje em dia, se não houver um propósito que nos mova. Como se diz: “se a escada não estiver apoiada na parede certa, cada passo dado nos levará mais depressa para o lugar errado”.
Sucesso em suas finanças e vida pessoal!

Sobre o Prof. Elisson de Andrade
Professor universitário e palestrante sobre Educação Financeira. Engenheiro Agrônomo (USP), Bacharel em Direito (UNIMEP), Mestre e Doutor em Economia Aplicada pela USP. Ganhador do prêmio BM&FBOVESPA de melhor dissertação/tese sobre derivativos (2004). Um eterno apaixonado em aprender e ensinar. Autor do Ebook As 5 Etapas do Planejamento Financeiro Via, profelisson.com.br
 



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