investidor é emocional


Há mais de 30 anos trabalhando com psicanálise e há 15 com psicologia econômica, a psicanalista Vera Rita de Mello Ferreira pode dizer com certeza que a grande maioria dos investidores financeiros age com as emoções e não com a razão. Não importa se os investidores são jovens ou velhos, nem a classe social, se eles moram no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, se são muito instruídos ou não - as pessoas funcionam sempre do mesmo jeito. O raciocínio explica por que quem tem muito dinheiro e quem tem pouco tomam as mesmas decisões precipitadas e muitas vezes erradas. Abaixo, trechos da entrevista que Vera Rita concedeu a VOCÊ S/A.

Como as pessoas tomam decisões financeiras?
Segundo a psicanálise, as decisões são tomadas levando em conta a satisfação imediata. Se a decisão for contrariar os valores da pessoa, a reação normal é ignorar a questão. As decisões são sempre emocionais. O problema é que a realidade não é sob medida. É preciso sempre construir um caminho para chegar ao seu objetivo.

Como assim?
Veja o exemplo das pessoas que ganham dinheiro na loteria. Geralmente, elas acabam perdendo toda a grana em pouco tempo. Elas não estavam preparadas para ter este tipo de satisfação. É preciso construir um caminho para levar à satisfação.

Mas, se todas as decisões são emocionais, é possível mudar esse comportamento?
Não é impossível, mas não é fácil. As pessoas só mudam quando têm uma grande frustração na vida e aprendem com ela quais foram seus erros. Para mudar é preciso trocar ideias
com outras pessoas e ouvir o que elas têm a dizer. Quanto mais longe se está de uma situação, mais clareza se tem dela.

Então, quem controla suas emoções pode ficar rico?
De certa forma sim. Mas o mais importante é se autoconhecer. É preciso ter tolerância à frustração para admitir que você falhou. Depois, não se pode ter uma autoconfiança exagerada nem ser muito otimista. Em geral, todo mundo acha que é mais capaz
e mais inteligente do que realmente é.

Todos os investidores são realmente iguais?
Os pesquisadores americanos afirmam que existem os investidores ingênuos, que acham
que tudo vai dar certo dentro do prazo. Mas eles são sempre pegos pela surpresa e descobrem que não conseguiram fazer como queriam. Há outro tipo de investidor, aquele
que adia tudo o que pode. Ele guarda dinheiro para gastar no futuro, mas o futuro
nunca chega. Ele tem tanto autocontrole que não vive o presente. Há ainda os investidores
sofisticados, que sabem que são fracos e fazem várias estratégias para tentar se controlar. É o caso das pessoas que deixam o cartão de crédito em casa para não gastar dinheiro.

É verdade que as pessoas arriscam perder mais dinheiro quando elas já estão perdendo?
Não existe um perfil de investidor que seja mais ou menos avesso ao risco. O apetite
pelo risco vai depender do contexto. As pessoas fazem qualquer coisa para não perder
dinheiro, até se expor ao risco de perder mais. Se você tem 100% de chance de ganhar
3 000 reais, 80% de chance de ganhar 4 000 reais e 20% de não ganhar nada, o que preferiria? A maior parte das pessoas vai preferir ganhar 3 000 reais. Quando o ganho é certo as pessoas são conservadoras.

E quando se fala em perdas?
Se você tem 100% de chance de perder 3 000 reais, 80% de chance de perder 4 000 reais e 20% de chance de não perder nada, o que prefere? As pessoas preferem não perder nada. Todo mundo sempre tem aversão às perdas.
Fonte revista voce s/a



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