Analistas tiram dúvidas sobre 10 mitos para investir em ações


Mercado Financeiro
Analistas tiram dúvidas sobre 10 mitos para investir em ações

Felipe Tau
Direto de São Paulo










A popularização da bolsa de valores faz com que algumas frases feitas já consagradas no mercado sejam difundidas entre um contingente maior de investidores, reforçando esses clichês, que normalmente carregam exageros e imprecisões. Para ajudar a esclarecer os equívocos que ainda pairam sobre essa modalidade de investimento, o Terra consultou quatro especialistas, entre corretores e educadores da área de finanças, que explicam o que há de correto e incorreto em dez dos conceitos mais propagados pelo senso-comum a respeito da aplicação em renda variável. Confira:

1. Deve-se comprar ações na alta e vender na baixa
À primeira vista, o argumento é correto, mas esconde uma armadilha: uma ação em baixa não necessariamente irá se valorizar, podendo cair indefinidamente e trazer prejuízos. "O ideal é tentar identificar uma tendência de alta", explica José Góes, economista da corretora Win Trade. Prever esse ponto de virada e obter o maior retorno possível é um desafio até para os especuladores, mas não é a única maneira de se obter bons resultados, especialmente para quem não é profissional. "Mais efetivo e perto da realidade é realizar lucros quando houver ganhos satisfatórios", recomenda o educador financeiro Álvaro Modernell.

2. É preciso acompanhar as ações todo dia
"Acompanhamento diário é para quem trabalha com investimentos, e tende a nos transmitir uma percepção exacerbada do risco", diz o consultor de finanças Gustavo Cerbasi. Investidores de menor porte tendem a ganhar em prazos maiores, e, mesmo com as oscilações do dia-a-dia, a variação dos papéis não costuma ser grande no final do mês. Recorrer à análise dos corretores e estabelecer preços máximos e mínimos para a venda ("stops") torna desnecessário seguir as ações com tanta frequência. Uma dica é acompanhar mais de perto apenas quando esses preços se aproximam, sugere Góes.

3. É um investimento de longo prazo
"O investidor é que tem prazo para o resultado do seu investimento, não o contrário", resume Mário Brescancini, gestor da Solo Investimentos. Normalmente, como dito acima, investidores não profissionais obtêm retornos em intervalos maiores, mas, mesmo no longo prazo, não há garantia de lucro. "Pessoas que investiram em ações de boas empresas e realizaram em 2007, 2008, 2009 ou neste ano, podem colher resultados muito diferentes, dependendo do ano, do mês e até do dia em que venderam os papéis", diz Modernell.

4. Fundos de ações têm rendimentos próximos aos da renda fixa
Normalmente, um fundo de ações custa mais caro do que investir individualmente por meio de uma corretora, devido à taxa de administração do gestor e à tributação de 15% sobre os lucros (com carteira própria, há isenção para vendas de até R$ 20 mil por mês). No entanto, esse tipo de investimento traz a vantagem da diversificação com maior qualidade. "Ao investir através de fundos, contratamos estratégias e diversificação que muitos leigos não conseguem replicar em suas próprias carteiras", explica Cerbasi. "Mesmo com custo considerável, bons fundos de ações tendem a bater o desempenho da renda fixa com boa margem no longo prazo".

5. O investimento em bolsa é o mais arriscado
Nesse quesito, houve uma clara divisão entre as opiniões. Para Mário Brescancini e José Góes, a máxima é verdadeira. Brescancini defende que, de fato, quanto maior o retorno, maior o risco, e Góes aponta para a sensibilidade do mercado: "mesmo que você escolha um bom papel, você ainda estará sujeito a outras variáveis que interferem na valorização das ações, como as notícias do mundo todo e os fluxos de venda, que derrubam o valor das ações".

Gustavo Cerbasi e Álvaro Modernell vão por outra linha. Para eles, a sensação de risco se deve à abundância e à velocidade de informações sobre o desempenho das ações, além da grande número de variáveis envolvidas. Mesmo assim, os riscos seriam relativos. "Para um corretor de ações, por exemplo, esse mercado é menos arriscado do que o ouro, considerado por muitos mais seguro", diz Modernell. "Há maior risco de perda de capital ao montar um negócio próprio, ao comprar um imóvel em construção de construtora pouco conhecida e ao adquirir bens em leilões", exemplifica Cerbasi.


6. É preciso ter muito dinheiro para investir na bolsa
Hoje em dia existem diversos caminhos para os pequenos investidores pessoa-física, como o mercado fracionário de ações, que negocia papéis individualmente, os fundos de ações e os clubes de investimento. "A partir de R$ 500, é possível comprar papéis com excelente relação custo-benefício, mesmo após pagar as corretagens", diz Cerbasi. Na opinião de José Góes, carteiras de valor menor podem ser até uma vantagem, por darem mais liquidez e mais agilidade para o acionista negociar. "É mais fácil transformar R$ 1 mil em R$ 10 mil do que transformar R$ 100 mil em R$ 1 milhão".

7. É fácil ficar rico com a bolsa
A bolsa oferece a chance de especular e obter grandes ganhos a partir de um capital relativamente pequeno, mas isso não é comum. "Eventualmente, alguns bons chutes podem nos trazer resultados interessantes, mas quem aposta tem tanto chances de ganhar quanto de perder", alerta Cerbasi. O retorno depende, normalmente, do risco que o investidor está disposto a correr e do tempo que quer dedicar à bolsa. "A recomendação para quem está começando é encarar a bolsa como uma economia com retorno acima da renda fixa", sugere Góes.

8. Só se lucra com a valorização das ações
Além de vender as ações após sua valorização, o investidor pode também obter lucros de outras maneiras menos arriscadas, como pela distribuição de dividendos (valor pago pelas empresas aos acionistas anualmente em função de seu desempenho). "Mesmo no caso das ações que não apresentam lucro momentâneo, há a perspectiva de o lucro voltar para as mãos do acionista através dos dividendos", explica José Góes. Também se pode lucrar com os juros sobre capital próprio e com o aluguel dos papeis.

9. Tempos de crise não são bons para entrar na bolsa
A maioria das pessoas começa a investir na bolsa entusiasmada com uma maré de alta, mas fica intimidada para entrar em momentos de crise. Porém, as crises são uma oportunidade de adquirir ações a um preço bem mais baixo, lucrando com sua valorização no futuro, dada a probabilidade de o mercado voltar ao normal após certo tempo. "Aqueles que têm liquidez em renda fixa compram oportunidades dos gananciosos que não podem contar com o longo prazo e se veem obrigados a vender papéis em um mau momento", explica Cerbasi. "O bom investidor deve, na verdade, torcer para que as crises de mercado aconteçam com frequência".

10. É preciso muito conhecimento para entrar na bolsa
Como em toda área, mais conhecimento traz melhor resultado, mas não é preciso ser um especialista para investir na bolsa de valores. É importante manter-se ciente do processo e buscar conhecer o mercado, com auxílio de cursos e dos profissionais de sua corretora, mas isso não é garantia de sucesso. "Não se aprende a investir apenas lendo livros ou fazendo cursos. O correto é investir sempre, aprender com alguns erros e acumular decisões cada vez mais maduras e acertadas", sugere Cerbasi. "O importante é ter disciplina para o investimento, o que significa conhecimento de si próprio. O resto, se aprende", conclui Brescancini.

fonte/http://economia.terra.com.br/


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