Carreira TI tenta driblar falta de bons profissionais

Rubens Del Monte, 27 anos, gerente de projetos da Indra: 
Há dois anos, o paulistano Diego de Paula Ferraz, de 26 anos, começou a trabalhar na empresa. Mandou currículo, fez os testes e passou. Recebeu três promoções, é líder de equipe e o salário subiu 60% desde que conseguiu entrar na companhia.

Como existe escassez de bons profi ssionais, as empresas levam meses para preencher as vagas na área de TI. A Itautec chega a fi car com uma vaga em aberto por até três meses e meio. "Há dois anos, levávamos 15 dias para encontrar um bom profi ssional", diz Eduardo Pellegrina, diretor de RH da empresa.

E atenção aos salários: na Itautec o contracheque de quem trabalha com TI vai de 1 200 reais a 20 000 reais. "Quanto mais especializado, mais valorizado é o profi ssional desta área", diz Eduardo. "Hoje, temos 160 vagas em aberto." Dos 6 000 funcionários da companhia, 3 500 estão no departamento de TI.

Assim como em outras organizações do setor, a Itautec vê com bons olhos jovens recém-formados. Na última seleção de trainees, 5 000 candidatos se inscreveram para concorrer a 50 vagas. "Esta é uma das melhores maneiras para se formar um profi ssional", diz Eduardo.

Esta também é a técnica adotada pela Telefônica. "Temos de atrair universitários para formá-los. É isso, ou fi car roubando profi ssionais de outras empresas", diz Françoise Trapenard, diretora executiva de RH da companhia.

Por que falta gente?

A leitura de Françoise é de que há uma desvalorização da carreira técnica. "Os jovens simplesmente não querem seguir esse caminho", afi rma. Resultado: ela leva mais do que o dobro do tempo para fechar uma vaga em TI em relação a outras áreas.

Na BRQ IT Services, valem duas regras para descobrir novos talentos: os tradicionais testes de seleção e a indicação de funcionários da casa. "Os jovens não sabem que esta carreira é bacana e que não há desemprego. Hoje, tenho 2 500 funcionários e preciso contratar mais 250", afirma o presidente da empresa, Benjamin Quadros.

A Tivit avalia profissionais em três aspectos: conhecimento técnico, acadêmico e competências comportamentais."Algumas tecnologias que deixaram de fazer parte da grade curricular, mas que ainda são buscadas pelas empresas, são boas opções de especialização, como a linguagem Cobol e Mainframe", diz Marcello Zappia, diretor de desenvolvimento humano e organizacional.

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Anne Machado, de Você S/A